terça-feira, 20 de novembro de 2012

Especial 170 Anos: O Icó De 1960



Muitos se lembram e também são muitos os que gostariam de saber como era o Icó de antigamente, além das histórias. 

No especial de 170 anos de Icó, ainda é tempo de refletir a cidade de hoje ao ampararmos com o Icó do passado. Erros e acertos de um tempo diferente que servem de exemplo.

Exatamente 50 anos nos separam de dados inéditos trazidos pelo Icó é Notícia com um verdadeiro Raio X do ano de 1960, a partir de informações coletadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE].

Os detalhes dizem respeito ao Censo de 1960 e apenas foram publicado no dia 4 de junho de 1962. Uma forma de homenagear esta cidade que naquela época, apesar de contar com apenas 15% da população alfabetizada e dois aparelhos telefônicos, tinha um cinema, 81 estabelecimentos de ensino e exportava algodão. Seja bem vindo à época do preto e branco!

APRESENTAÇÃO Com seis páginas, sendo cinco com informações detalhadas das áreas de Educação, Saúde, Economia, Demografia, Hidrografia e História, o documento apresenta um Icó que poucos conheciam de forma esmiuçadamente.







Nessa parte inicial do texto, dois pontos apresentam pontos interessantes. Para a época, apesar de ser localizado na "Zona do Sertão do Salgado e Alto Jaguaribe", o município era considerado de "clima ameno e saudável, com temperaturas que oscilavam entre verão e inverno de 36ºC e 23ºC". Alguma mudança?

Outro ponto destacado na formação do núcleo de povoamento, que mais tarde se tornaria Vila e Cidade, foi a resistência dos índios da tribo Icós, destacado no trecho onde afirma que "no século XVIII, as tribos indígenas que habitavam a região se opuseram tenazmente ao colonizador".

Na parte histórica, ainda são citados a criação da paliçada, o surgimento do Arraial Novo, que mais tarde seria a Vila, as lutas entre as famílias Montes e Feitosas e a participação do padre João Matos de Serra nas primeiras incursões religiosas na região localizada "entre as serras do Pereiro e os vastos sertões do Cedro".





DADOS Na página 2 do documento, são detalhadas as informações administrativas do município e citado de forma recente, para a época, do desmembramento dos distritos de Guassossê, Igarói e Orós, que faziam parte do território icoense e formariam o município de Orós em 1956.

Da população que o Censo de 1960 contou, Icó detinha de 34.976 pessoas. Vale lembrar que a perda de três localidades fez a população cair dos 35.097 dos anos 1950. 

Em 1960, a população icoense era dividida em 78% na zona rural e 22% na zona urbana. Quanto a cor, 55% se declararam pardos, 38% brancos e 6,5% pretos. 

Outro fato apontado era de que "quase todos eram católicos e brasileiros natos" . Na parte da alfabetização, apenas 15% dos que tinham 10 ou mais anos sabiam ler e escrever.

A título de comparação, no Censo de 2010, o IBGE apontava uma população de 65.456 pessoas, quase o dobro em 50 anos. Do total, 46% residiam na zona urbana e 54% na zona rural.

Quanto à religião, no Censo 2010 86,3% se declaram católicos, 13% evangélicos e 0,7% sem religião. As informações do último censo ainda apontam que 55% dos icoenses são pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto.


AGRICULTURA E INDÚSTRIA O carro chefe que impulsionava o município era a atividade agrícola, que rendeu no ano de 1959 a quantia de Cr$ 29 milhões [de cruzeiros].

No referido ano, foram produzidos 390 toneladas [t] de algodão, 744t de milho, 81 mil cachos de banana, 387t de feijão e 360 t de arroz.

No tocante ao rebanho, na década de 60 Icó contava com 157.100 cabeças, avaliadas em Cr$ 142 milhões [de cruzeiros].

Compunham o rebanho os caprinos [55 mil animais], ovinos [44,7 mil] e bovinos [23,5 mil]. Em 1959, foram produzidos 80.000 litros de leite, que valiam Cr$ 9,6 milhões.

Na indústria era muito ligada à agricultura e o principal ramo era o de beneficiamento de algodão, com a presença de 11 estabelecimentos em 1958 e de 21 em 1961. Em 58, a produção gerou Cr$ 24 milhões.

Foram contabilizados, naquela época, seis estabelecimentos atacadistas e 181 varejistas no município icoense.Além de um campo de pouso.

Atualmente, segundo o IBGE, o Icó tem a maior parte da receita na área de Serviços, ocupando 79% das receitas geradas no Município. Os outros 21% ficam com a Indústria e a Agropecuária.

ENSINO, CULTURA E SAÚDE Diz o texto que em 1960 havia na rede escolar do município de Icó 81 estabelecimentos de ensino, dos quais 63 eram públicos e 18 particulares. 

Do total, dois lecionavam o ensino médio: Ginásio e Escola Normal Senhor do Bonfim e Ginásio Nossa Senhora da Expectação, "cuja matrícula, em 1961, alcançou, em conjunto, 126 alunos", aponta o documento.

Na parte histórica, são citados os prédios centenários que ainda hoje existem, e a existência de seis estabelecimentos de hospedagem, além de "um cinema com capacidade para 402 pessoas". Havia ainda 810 ligações elétricas e dois aparelhos telefônicos na sede municipal.

Na parte da Saúde, a assistência era prestada por dois médicos, dois dentistas e cinco farmacêuticos. Existiam duas farmácias na época.

PREFEITURA Ainda foi registrado pelo Censo de 1960 a arrecadação de 3.029 milhares de cruzeiros em 1959, "cabendo 865 à receita tributária".

Segue a informação de que "a despesa realizada foi de 2.939 milhares de cruzeiros. A arrecadação federal, estadual e municipal de 1960 atingiu 1,4; 11,6 e 3,9 milhares de cruzeiros, respectivamente. O orçamento para 1961 previu receita e despesa de 3.940 milhares de cruzeiros".


AÇUDES E FESTEJOS A última página do informativo sobre o Icó é ilustrado com a foto do então Ginásio e Escola Normal Senhor do Bonfim, hoje Colégio Senhor do Bonfim, no casarão que pertenceu à família Antero.

As últimas informações apontam para o Açude Lima Campos [58,3 mil m³], o açude particular "Gitó" [1,06 mil m³] e de uma residência pertencente ao Dnocs. Lembremos que em 1960 não havia o Perímetro Irrigado Icó-Lima Campos [PILC].

Ainda é citado o Posto Agrícola de Lima Campos, que "realiza pesquisa e divulga ensinamentos agrícolas". Foi registrado um posto de pscicultura e o trabalho de cinco agrônomos e um engenheiro.

Outro ponto assinalado foi do funcionamento de uma cooperativa agrícola e industrial e outra de consumo.

O documento lembra da fundação do Círculo Operário de Icó nos idos de 1946, que "concede benefícios de natureza mutuária".

Finaliza o texto apontando que "entre os festejos tradicionais, destacam-se a celebração do Senhor do Bonfim, em 1º de janeiro, e a festa de Nossa Senhora da Expectação, padroeira da cidade, em 18 de dezembro".






Postado porYuri Guedes ás 08:00. Tags 

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