terça-feira, 20 de novembro de 2012

Icoenses Que Fazem História - Bernardo Duarte Brandão



Ruínas da fazenda do Barão do Crato, localizada no distrito de Cruzeirinho, no sítio Cajá Gordo 

Uma das figuras mais emblemáticas do Ceará provincial e, principalmente do Icó, nasceria no dia 15 de julho de 1832 na Ribeira do Salgado. Filho de Bernardo Duarte Brandão e Jacinta Augusta de Carvalho Brandão, o futuro Barão do Crato teria o mesmo nome que seu genitor. 

Seu pai lhe repassou a riqueza através de grande propriedade de terras na Ribeira do Icós. Com recursos para custear sua vida futura, a família o enviou para a Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se na turma de 1854. 

POLÍTICA - Ao adentrar no ramo jurídico, ele entraria, também, na Política. Sua facilidade em discursar e maleabilidade proporcionaram grande influência entre políticos. Foi deputado da Assembleia Geral e Provincial (hoje Congresso) em duas legislaturas (12ª - de 01.01.1864 a 16.09.1866; e 13ª - de 22.05.1867 a 20.07.1868), e ocupou um lugar na lista dos vice-presidentes da então Província do Siará, cargo correspondente, hoje, ao de vice-governador. 

O aristocrata conseguiu ultrapassar o poder dos "Carcarás", cujo poderoso chefe era o Coronel. Francisco Fernandes Vieira, Barão e Visconde do Icó. Brandão era liberal, seguindo a ala "progressista" chefiada por Zacarias de Gois e Vasconcelos, apoiado, na Província, pela "Botica" (António Teodorico, Paiva, Avelino, etc.) e combatendo, tenazmente, o outro lado - o "histórico" - que obedecia à orientação do Senador Pompeu. Escrevia artigos para o famoso periódico pernambucano "Jornal do Commercio" 

Em Icó, Bernardo detinha de ferrenhos opositores: o Coronel Francisco Manuel Dias, que utilizava dos jornais para contrapor ao poder exercido pelo político, e a família do genro do Senador Pompeu, o futuro Comendador Nogueira Accioly, que era numerosa, abastada e apoiava a ala de Pompeu. 

O BARÃO ICOENSE - A política viria a ficar forte em Icó e região em virtude do poder de Bernardo Duarte Brandão, fato confirmado pelo título de Barão de Crato, agraciado pelo Decreto de 14 de setembro de 1866. 

Não podia ser Barão de Icó pois a vila detinha de um, limite para cada localidade, pertencente ao coronel Francisco Fernandes Vieira, natural de Saboeiro (CE). 

Ainda haveria de receber o oficialato da Rosa, tornando-se Oficial da Ordem da Rosa. A Imperial Ordem foi criada por Dom Pedro I e o desenho da insígnia foi proposto pelo pintor Jean-Baptiste Debret. Dom Pedro I e Dom Pedro II agraciaram muitos cidadãos. 

SOLTEIRO NA VIDA - Um dos fatos, além da Política, que chamou a atenção da vida de Duarte e que tornou-se uma das lendas, mas que de fato existiu, foi de sua preferência em ficar solteiro, por sua forte ligação afetiva à irmã Da. Maria do Rosário Augusta Brandão. 

Há estórias de que Margarida, sua irmã, e ele, conhecido como "seu Dú" na intimidade, tiveram uma paixão proibida e recíproca, chegando o Barão a ir até o Vaticano e pedir, diretamente ao Papa, seu casamento com a irmã. A resposta foi negativa e a considerada lenda alimenta o imaginário icoense. 

O fato é que Brandão viveu sua vida solteiro, viajando constantemente para a Europa, atrativo dos brasileiros abastdos naqueles tempos. Em novembro de 1877, foi acometido de um ataque cerebral, seguiu para a Europa, em busca de tratamento, e em Paris faleceu no dia 19 de junho de 1880. Seu corpo foi transportado para Fortaleza, onde foi sepultado. Seus restos mortais repousam no Cemitério de São João Batista, localizado no 1° plano à esquerda. 

De suas terras e propriedades, podem ser vistos o sobrado do Barão, no Largo do Théberge, herdado de seu pai, e as ruínas da sua fazenda, localizada no Distrito de Cruzeirinho, no sítio Cajá Gordo. Estes patrimônios seculares apresentam um pouco da riqueza de um dos homens fortes do Icó antigo. 

MAUS TRATOS E O TÚNEL - Outra das estórias contadas pelos antigos, que tratam do Barão do Crato, diz respeito ao seu tratamento com seus escravos. Falava-se que Brandão era implacável com seus escravos chegando ao ponto dos mesmos pedirem pediedade diante das torturas praticadas. Entre elas, incontáveis chicotadas e dentes arrancados. 

A História Oral reporta ao registro de escravos mortos pelos castigos aplicados por Duarte, alguns sendo enterrados no quintal do antigo sobrado. Ocorridos ou não, vez por outra foram relatados sons de passos, gemidos e ruídos estranhos no casarão. 

Outro fato que as lendas se ocupam é a da existência de um túnel que ligaria o sobrado com o Teatro da Ribeira dos Icós. Ainda hoje restam resquícios de um antigo porão existente no sobrado, mas o túnel nunca foi confirmado de fato. 

MAIS INFORMAÇÕES: 

: Annaes do Parlamento Brazileiro, Partes 1-3 

: Annaes - Volume 2 

: ANUÁRIO GENEALÓGICO BRASILEIRO 


* Com informações do Colégio Brasileiro de GenealogiaIcó é Notícia via Opinion (texto de Washington Peixoto) e do Portal da História do Ceará (1.001 cearenses notáveis e Diccionario Bio-bibliographico Cearense) 

Postado porYuri Guedes ás 01:30. Tags 

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