terça-feira, 22 de março de 2011

Série restauro virtual: Altar da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Monte - Icó


A capela de Nossa Senhora da Conceição do Monte é uma construção do Século XIX. Segundo o Barão de Studart em sua obra "Parte Cronológica da Administração de Manoel Inácio de Sampáio, pg. 239-240, consta a data de 27 de abril de 1819, ao "benzimento, pelo pároco do Icó, Domingos da Mota Teixeira, da primeira pedra para a fundação e execução naquela cidade, de uma capela sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição do Monte".

"Altar de Nossa Senhora da Conceição do Monte de Icó"

A arquitetura da capela, de barroco tardio, assemelha-se, em aspectos gerais, a várias capelas dos engenhos pernambucanos dedicados à Virgem Maria. A obra foi edificada sobre um outeiro, que era uma tradição católica na construção de santuários marianos. Do alto vislumbra-se todo o Vale do Salgado onde está a cidade do Icó.

Entretanto informações da Secretaria de Cultura do Ceará nos dão conta que "não se sabe ao certo quem a construiu, mas foi por volta de 1750 quando chegou nesse local uma pessoa da "Casa da Torre”, como era chamada a Casa de Garcia D'avila, elite política baiana do Século XVIII", ou seja em 1750, o que remetria a devoção ao chamado "Ciclo Baiano", tanto missionário como da expansão do gado bovino, pelos caminhos do Rio São Francisco.² Poderá essa última informação dar pistas da existência de oratório anterior a que hoje existe.

Erguida nos subúrbios do antigo Icó, outrora desabitado, era frequentada quase que exclusivamente por ocasião da Festa do Monte em 08 de Dezembro. Como festa da Padroeira de Portugal seu culto era extensivo a todos as raças.

O templo é pequeno e possui uma “planta retangular com duas naves de larguras diferentes, adro generoso, na parte frontal e, à sua esquerda, o cemitério. O frontispício deste templo guarda relação com a capela Nossa Senhora da Conceição da Jaqueira, no Recife, refletindo a organização da planta.

Este correspondente à nave central é enquadrada por pilastras coroadas por pináculos, com porta central única, no térreo, e duas janelas rasgadas, guarnecidas por guarda-corpos de ferro, com cimalhas arqueadas, correspondentes ao coro, no segundo pavimento, arrematada por uma cornija sinuosa onde repousa o frontão adornado com volutas” (http://sinf.secult.ce.gov.br/)

Ao lado da Igreja, existe um anexo, que era um pequeno cemitério. Posteriormente, no século XIX, principalmente após a epidemia do cólera-morbo, ao final do século XIX, foi construído o cemitério suplementar, hoje exaurido, onde existem mausoléus e túmulos seculares.

Esse monumento histórico é tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional é um exemplo barroco único no Ceará. O Cemitério, em anexo, reflete a questão sanitária de não mais os mortos serem enterrados nas igrejas, sendo reservado espaços distantes das cidades, por questões sanitárias e o aumento populacional.

Esse altar foi pouco modificado ao longo do século XX e foi restaurado pelo IPHAN no final do século passado. A imagem acima reconstitui não o altar propiamente dito e sim a reposição das imagens as imagens do século XVIII de São José (São José de Botas), Nossa Senhora da Conceição e Santa Felicidade, desaparecidas no início dos anos de 1970, incorporando vários castiçais outrora existentes, retirada do sacrário, por tratar-se de capela e incorporação de genufrexórios.

REFERÊNCIAS:
1. Artigo do Instituto do Ceará: "O Padre Domingos da Mota Teixeira e a Vigararia do Icó, de Júlio Abreu, pg. 144, 1911.

2. Site da Secretaria de Cultura do Ceará.

________________

* Texto escrito e imagens (Reconstituição do Altar) de Washington Luiz Peixoto Vieira. Do blog Opinion

FONTE:
http://www.icoenoticia.com/2011/03/serie-restauro-virtual-altar-da-igreja.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário